O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não mediu palavras em seu discurso ao Congresso na noite de 4 de março de 2025, ao citar o Brasil como um dos países que impõem tarifas “injustas” aos produtos americanos. Ao lado de nações como China, Índia e Canadá, o Brasil foi colocado na mira de Trump, que defendeu retaliações comerciais com novas taxas contra quem “rouba” os EUA. A declaração, feita diante de parlamentares em Washington, reacende os gastos econômicos e coloca o governo brasileiro em uma posição delicada, enquanto diplomatas já alertam para a necessidade de uma resposta firme, mas cautelosa.

Embora o Brasil ainda não tenha sentido diretamente o impacto das tarifas retaliatórias americanas, os especialistas temem que o persistência da política comercial de Trump contra outros países possa gerar um efeito dominador. Produtos essenciais da pauta de exportações brasileiras, como café, etanol, ferro e aço, correm o risco de enfrentar aumento de preços e pressões inflacionárias no mercado global. Dados recentes do Ministério da Economia mostram que, em 2024, as exportações brasileiras para os EUA atingiram US$ 31 bilhões, e qualquer escalada nas negociações comerciais pode abalar essa relação, afetando desde sojicultores no Mato Grosso até indústrias siderúrgicas em Minas Gerais.

Enquanto isso, no cenário interno, a política brasileira segue em ebulição. Os advogados de Jair Bolsonaro e do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, pediram mais tempo ao Supremo Tribunal Federal (STF) para preparar suas defesas no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Em paralelo, outros acusados ​​​​já conseguiram apresentar seus argumentos à Corte, em um processo que ganha contornos dramáticos às vésperas do julgamento. Com Trump agitando o tabuleiro internacional e o STF no centro das atenções domésticas, o Brasil enfrentou uma março de incertezas em múltiplas frentes.